Entrevista - Sarah Dutra [Prozac HC]

Como já fazia tempo que não rolava entrevista aqui no Oeste Selvagem(a última foi com o coletivo Mosh Like a Girl e você pode ler clicando aqui),  a sessão volta dessa vez trocando uma ideia com a Sarah Dutra, atual guitarrista da banda Prozac HC de Araguaína, no Tocantins. Levamos um papo sobre como é ser mulher numa banda underground no interior, além da vivência dela com a cena local.  No primeiro momento, ela fala de sua entrada na banda, um pouco da história da mesma, já que não é fundadora, comenta também sobre as formações anteriores:

capa do segundo álbum, gravado em 2013 pela 2ª formação da banda, clique aqui para baixar

A banda começou em 2006, com o Babidi (vocalista e baixista), acredito que também com o Preguiça (baterista) e o Chapolin (primeiro guitarrista). Eles inicialmente faziam cover de várias bandas e gêneros. Aí o primeiro guitarrista passou um tempo em outra cidade e quando ele voltou, tanto ele quanto o Babidi tinham uns riffs e aí decidiram voltar com a banda, tocando músicas autorais e viram que o gênero que eles tinham que tocar era o hardcore mesmo. A banda já teve algumas formações, mas oficiais (que chegaram a gravar e a ficar sólido na banda) foram: 1° - babidi (baixo e vocal), Chapolin (guitarra e backing vocal) e Preguiça (bateria), 2° - babidi (baixo e vocal), Salomão (guitarra e backing vocal) e Preguiça (bateria), 3° - babidi (baixo e vocal), Sarah (guitarra e backing vocal) e preguiça (bateria)

Na sequência, ela fala sobre sua experiência com a banda, como foi entrar para a banda, além de seu relacionamento com os colegas de banda e de cena; 


Entrar na banda, pra mim, foi muito massa, antes de entrar eu sempre escutava muito o som deles, por incrível que pareça eu sempre me imaginava tocando as músicas deles, risos, e tipo, isso se realizou, foi muito da hora. Os meninas da banda me recepcionaram muito bem, principalmente o Babidi, eles não são machistas, sempre me respeitaram, nunca duvidaram da minha capacidade e nem o resto do pessoal da cena, não teve nem um episódio, pelo menos não diretamente a mim de alguém me criticando, ou querendo me rebaixar por eu ser mulher e tá tocando numa banda, sempre recebi bons comentários, mesmo no começo, nos 2 primeiros shows que eu dei umas erradas por causa do nervosismo, todo mundo sempre foi positivo. Mas eu confesso que fiquei e ainda fico um pouco receosa de ter uma postura "masculina" no palco, por conta da posição que eu ficar segurando a guitarra, ou do jeito que eu bater cabeça. 

Sarah continua falando sobre a presença feminina na cena local e sobre seu relacionamento pessoal com ela;

Se eu não estiver errada, só teve uma outra banda que teve mulheres na formação, a Bebadolls. Era uma vocalista e uma baixista, e os outros dois eram o Chapolin (guitarra) e o babidi (bateria e backing vocal). Acho que nos anos antes de eu começar a participar da cena, ir nos eventos, me parece que a presença das mulheres era um pouco maior, uma moça já me disse que antigamente tinha até o mosh das mulheres nos eventos. E quando eu comecei a ir não tinha mais, eu era praticamente a única que entrava na roda, isso me intimidou um pouco, aí eu parei. Ser comparada com homens por causa de postura me incomoda, eu acabo me reprimindo, mesmo sabendo que é bobagem e que não tem nada a ver. No último evento que a gente tocou umas 2 ou 3 garotas entraram na roda quando a gente tocou nossa música mais "famosa"  a "Capeta Hardcore"

A banda já passou por estados como Pará e Maranhão, além de outras localidades do próprio Tocantins, além disso, estão preparando material novo, sobre isso, ela comenta;

Quando eu entrei nós já começamos a tocar as músicas novas. No primeiro ensaio eles fizeram um "teste" comigo, tocamos as músicas antigas, aí a partir do segundo já começamos as composições novas. Fizemos umas 8 músicas, e pretendemos gravar esse ano, ainda não decidimos o nome (do álbum).
No geral as novas músicas falam sobre o caos que a sociedade é. Por exemplo, tem a música "inumano" que fala sobre preconceito, racismo, violência contra a mulher. Tem também uma faixa intitulada "bem vindo ao caos", basicamente as letras são sobre isso.



A entrevista continua com Sarah falando sobre a razão de continuar tocando, o que dá a banda forças para existir;

Por paixão mesmo, pela cena, por gostar... Sim, o pessoal aqui gosta muito, tem uns meninos que sempre ficam falando pra mim tipo "eu escuto Prozac demais" "a banda de vocês é massa demais", pessoas de outras cidades também.


A entrevista se encerra com uma mensagem final direcionada às garotas;

Bom, a mensagem que eu quero deixar direcionada pras mulheres, principalmente de cidades pequenas, dar um incentivo pra que elas sejam mais ativas na cena da cidade delas, não necessariamente entrar em banda, mas participar da roda, tentar fazer evento, fazer a cena continuar e crescer, mostrar que estão ali, e também pros homens incentivarem as mulheres e darem espaço, porque a gente também tem muito potencial, nós também gostamos e conseguimos


Fonte: https://licordechorume.blogspot.com/2013/08/prozac-hc-elefante-branco-2013.html?m=1

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