Entrevista - Coletivo Mosh Like a Girl



Inaugurando as postagens da nova semana, entra a nossa primeira entrevista, o bate papo foi feito com a Loise do Coletivo Mosh Like a Girl, iniciativa que nasceu a partir da nescessidade das garotas da cena de Vitória da Conquista-BA, e que com a visibilidade pela internet conseguem notoriedade com seu trabalho pelo país, e inclusive assim inspiram outras garotas a criarem seus próprios projetos. Ela começa falando sobre o objetivo do grupo, fala que

a ideia principal por trás do coletivo é incentivar e apoiar a participação da mulher de forma mais ativa no cenário underground, seja produzindo material, tocando, cantando, movimentando a cena com eventos ou simplesmente, estando no Mosh e se divertindo, assim como, combater e expor ações opressoras na cena ( Machismo, sexismos, homofobia e outras formas de opressão).
 Sobre a história do coletivo comenta que ele já existe há dois anos e ainda detalha sobre as atividades desse percurso;


No começo das atividades do coletivo, nós criamos um stand no qual fazíamos questão de montar nos eventos da cena de Vitória da Conquista- Ba, onde foi criado o projeto. Através desse Stand, fazíamos a venda de alguns materiais como: Cd’s, patch’s, bottons, livretos, adesivos e etc. No entanto, o maior objetivo e validade do stand para nós do coletivo era a oportunidade direta de trocar ideia e passar nossa mensagem para a galera que chegava junto no interesse de ver do que se tratava.

Com isso, tivemos uma ótima oportunidade de nos aproximar da galera que frequentava a cena de forma geral, mas principalmente das meninas que frequentavam os eventos e que possivelmente compartilhavam de uma mesma visão, necessidade e muita das vezes de situações (Machismo, sexismo, homofobia, assédios) que infelizmente acontecem conosco dentro do contexto underground e que devem deixar de existir. 

Em um segundo momento das atividades nós passamos a produzir manifestos em forma de zine, compostos por entrevistas com mulheres que de alguma forma contribuiam com a cena underground local e em alguns momentos nacional, depoimentos com relatos pessoais diante das problemáticas que envolvem a mulher na cena, divulgação de materiais e bandas femininas. Esses manifestos são distribuídos nos eventos através do stand ou por nós quando não estamos com ele, isso nós possibilita estender ainda mais a passagem da mensagem que objetivamos na proposta do coletivo, a distribuição desses manifestos continua acontecendo até hoje em nossas atividades nos eventos em que fazemos as ações. 

Recentemente em parceria com o Coletivo Underground Blasfemme (Brumado- Ba) da queridíssima Bianca Novais e com o apoio do resistência Underground e Libertinus records, lançamos a coletânea Mosh Like a Blasfemme que é um material composto com 14 bandas de formação ou participação feminina e que idealizamos com o objetivo de atribuir ainda mais visibilidade ao trabalho dessas mulheres FODAS que temos somando dentro da cena a quem muitas das vezes não é dado o devido reconhecimento.

Ainda sobre os estilos musicais que podem ser tido como referência das garotas do coletivo;
em termos de musicalidade se volta mais para o underground Metal, Punk e misturas nesse sentido, por que é o meio ao qual estamos mais constantemente inseridas. Claro, que cada uma de nós do coletivo tem suas influencias individuais, mas no geral é o meio ao qual estamos mais ativas.

Além das atividades do coletivo, as garotas também estão ativas produzindo diversos projetos;
Algumas de nós (atuais e ex-integrantes do coletivo) estão inseridas em projetos de bandas. Lorena Marinho compõe o vocal da MÓRFICOS (Gothic Metal- Vitória da Conquista-Ba) e Brenda Morais o vocal da SUJO (Crust- Vitória da Conquista-Ba).
Também foi falado sobre a motivação de existência do coletivo,


Posicionar-se diante de algo lhe envolve, vai ser sempre importante para somar de alguma forma num determinado contexto. Acho que o princípio da importância do coletivo é justamente a causa que levantamos, buscamos expor e defendemos. Num primeiro momento antes mesmo de idealizarmos o projeto do coletivo, nós idealizadoras tínhamos em comum a necessidade de ver o espaço das minas respeitado na cena, fato que muitas vezes não acontece e isso se dá de diversas formas principalmente através do machismo que existe, sim! Então a nossa lógica é justamente a de que enfrentar isso de cara, buscando cada vez, mas acolher e aproximar as mulheres que estão “distantes” porém num mesmo espaço contextual.
 Inevitavelmente, a conversa passa pelas dificuldades que o coletivo passa para se manter,



A maior dificuldade como já esperávamos foi lidar com as cabeças conservadoras e machistas que ainda estão presentes na cena underground e que reagiram de forma contrária as ações do coletivo e em alguns casos de forma covarde e hipócrita. No mais a gente segue firme, dispostas e juntas!
A real é que embora algumas situações difíceis, o coletivo num resumo geral teve um apoio incrível e não só de mulheres como também de homens e isso mostra como o projeto teve um retorno positivo no fator de soma. 

Ela encerra lembrando o que pode ser visto a razão por trás da satisfação em manter uma atividade como o coletivo na ativa por tanto tempo, com a posição que elas adotam e o impacto direto e real disso em suas vidas;


Durante esses quase dois anos de coletivo, nós tivemos a oportunidade de conhecer muita gente que apoiou, muita mina que compartilhou experiências, materiais, histórias e que somou conosco e com o projeto. Foram pessoas que realmente nos fizeram compreender ainda mais a proporção dessa causa e a necessidade dela. A junção disso tudo, de todo esse apoio, do compartilhamento, do fortalecimento e principalmente diante das ações contrárias, percebemos que é preciso seguir cada vez mais em frente, espalhar a ideia e destruir qualquer forma de opressão em um espaço ao qual ela não deveria fazer parte.

 
Ouça a coletânea aqui:

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