A descrença e as incertezas cobrem a atmosfera do eu lírico da falsa poética de José Neto, em meio aos encalços da vida. Não é de se esperar menos do primeiro trabalho de um retirante natural de São Gabriel , capital da cantoria baiana, radicado atualmente em Barreiras.
A poesia se consiste como uma afirmação diante da dificuldade que a vida estampa através das várias relações que se estabelecem, seja na vida pessoal, profissional, questões diferentes incidem no tema central do álbum que é essa criatividade como uma forma de revolta contra a situação agreste da vida contemporânea.
Em suas sete faixas Neto Zé através de um rock característico com influências diversas da cultura brasileira, a afirmação do eu diante das problemáticas soa como um grito digno de uma voz habitante da periferia social onde aspectos como esquerda ou direita perdem espaço para um embate maior que implica numa existência conflitante com um mundo repressivo. A música de Neto Zé não tem gênero, não tem cor, não tem lugar, ela é de um espaço único, o lado de fora de uma sociedade que por mais organizada que se apresente apenas busca um totalitarismo corporal, mental e emocional, Neto Zé se rebela contra esses estabelecimentos e ironiza sua arte com o título do disco, seria tantas reflexões sobre a existência humana uma falsa poesia? Se essa é a pseudo poíesis, qual seria a verdadeira? Essas questões afirmam mais ainda a densidade lírica da proposta desse álbum.
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