COLUNA ARTE NO OESTE: LUKAS TOKO - HOMEM NATUREZA E SUAS INQUIETAÇÕES

    Lucas Nunes de Oliveira artista nascido em Bom Jesus da Lapa Oeste da Bahia, trabalha com música, desenho, escultura, pintura, revitalização de obras, instalações e atualmente têm se aventurado a compor ilustrações e fotocolagens digitais. Se afirma com o nome artístico Lukas Toko - Homem Natureza o que acaba por traduzir o modo como o artista opera, sempre em constante transcendência, trabalhando com diversos tipos de materiais, sempre muito aberto a testagens e a se arriscar em seus trabalhos.

    Lukas Toko trocou uma ideia com o nosso blog Oeste Selvagem Notícias e nos contou um pouco sobre sua trajetória: ''A arte sempre esteve presente e foi tomando mais força na adolescência. O amor pelo desenho e a pintura ja delineavam pontos para o que atualmente exerço com frequência. Mesmo sem conhecimento teórico/técnico já se verificava na produção de camisetas e trabalhos de desenho para atividades no colégio. Hoje minha poética artística carrega comigo, o que tenho de muito pessoal em meu cotidiano, a relação com os irmãos, minha mãe, e minha avó materna, e meu próprio olhar para o mundo''. 

    Atualmente, Lukas Toko cursa Artes Visuais na Universidade Federal do Oeste da Bahia, o que possibilitou para o artista acesso para alcançar diversas perspectivas no mínimo interessantes para a produção de suas obras. Sempre muito ligado aos seus insights e muito perceptível quanto as próprias emoções e raízes, suas criações são sempre um reflexo de si e do mundo ao qual percebe de forma muito sensível e destemida.

    O artista contou pra gente que as motivações para as ilustrações digitais, partiu de uma curiosidade por programas de softwear, e então começou a testar suas técnicas pra realizar artes pra banda Flor de Jua (banda a qual o artista também faz parte como contrabaixista) utilizando o programa Photoshop. No início da pandemia de Covid-19, Lukas conta que ficou sem  seus materiais do cotidiano disponíveis para produzir, materiais como lápis, pincel e tinta. Ter a chance de produzir de forma digital suas inquietações foi o respiro que o artista precisava. Utilizando basicamente o próprio celular, Lukas deu vazão a sua imaginação sempre inquieta onde também produziu posteriormente uma série de releituras de obras clássicas.

    No que tange as releituras de Lukas Toko ouso fazer uma breve análise. Ao descontruir imagens ditas como clássicas (famílias brancas e Europeias) o artista constrói uma nova história de representividade a partir dos personagens que introduz em suas produções. Um exemplo é a introduçao da Vereadora brutalmente assasinada Mariele Franco. Quando Lukas projeta a imagem de Mariele em sua criação ele a eterniza, podendo contar sua história a partir daquela imagem, o que irá servir como referência não só pras pessoas que assistem hoje essa obra, mas também para uma próxima geração, contando a história de um tempo e seus personagens o artista acata a responsabilidade de contar a trajetória tantas vezes invisibililisada como o próprio artista diz de pessoas negras e indígenas.

    A série de releituras produzidas trazem consigo um significado muito particular para o artista e sua identidade. Ele conta pra gente um pouco do processo criativo dessas obras: ''No dia 25 de julho dia das Mulheres Negras Latinas e Caribenhas então eu peguei a obra do artista Tomas Lawrence que chama ''Os Filhos do Sir Samuel Fludyer'' então peguei a arte dele e como eu via que era uma família de pessoas brancas então eu coloquei essas mulheres negras a Tereza de Benguela a Mariele Franco e a Carolina Maria de Jesus então eu fiz a releitura a partir disso. Eu acho que eu carrego esta temática negra hoje por várias questões...primeiro temos que ver que o cenário artístico cultural ele é configurado ainda pelo pensamento e uma visão de mundo centrado na Europa... assim eu confesso que eu demorei pra entender tudo isso principalmente dentro da própria universidade. Quando entramos tudo é maravilha no início e tal e eu não percebia, mas depois eu fui ver até essas questões das referências que a gente têm e a gente vê que nossas referências são todas eucentricas no caso são todas referências da Europa. É perceptível que a gente não vê nada em relação a  aritistas negros Afro-Brasileiros. São poucas referências pra gente sendo que têm várias...e aí depois disso  a gente vê várias questões também até porque por conta de disciplinas componentes curriculares que são voltadas pra gente hoje não existem mais as Relações Étnico Brasileiras e Indígenas... então assim eu comecei a ver por esse lado perceber isso e o quanto percebi essa negação. E eu como artista negro do interior  vou lutar e continuar a produzir meus projetos / trabalhos com essa temática e provocação. Esse é meu intuito. Conquistar o meu lugar que é de direito.''

    Eu nunca presenciei em nenhum momento um iato ou se quer uma pausa na carreira do artista. Sempre muito produtivo e inquieto, Lukas Toko sempre se apresentou como aprendiz de forma a se doar de corpo e espírito para suas inúmeras produções. Sempre com um caderno e uma nankim e agora que seja em celular não me admiraria mesmo sem recurso qualquer que seja, este artista vive de arte em todas as formas possíveis que se possa pensar.

    Carregando consigo a história de sua família e de seus ancestrais, Lukas Toko utiliza de cores sempre vibrantes e traços firmes. Constrói, desconstrói, reconstrói e percorre no caminho do presente com a potência e intensidade de quem têm ainda muito o que dizer e muita história pra contar.

    Hoje apresentamos um recorte da vida artística de Lukas Toko. Você pode conhecer mais do trabalho de Lucas toko em: @luca_squire_fender

Imagens doadas gentilmente pelo artista para a produção desta matéria.

Conheça e consuma arte do Oeste da Bahia!

IIustrações e Fotocolagens de Lucas Toko:
























Materia escrita por: Luana Bastos @beezluana

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