A narração é voltada para a vida de Évariste Gamelin, um jovem pintor fracassado que alimenta em si uma sede ambiciosa pelo poder, para saciá-la começa a empreitada de um alpinismo social. Tudo acontece numa harmonia inalterável proposta por Anatole France, no livro é possível perceber de maneira quase que factual como era a vida em uma comuna do século XVIII, quais eram suas intenções e como se organizava de fato, não há romantismo na retratação posta, o livro deixa claro que os pequenos burgueses que derrubaram a monarquia não sabiam como se organizar ao certo e muitas vezes sua ferramenta de justiça máxima (a execução pública) era utilizada para acabar com pequenas discussões que acabavam sendo menosprezadas pelo poder, de maneira tal que um pequeno comerciante poderia ir para a forca pelo simples fato de não querer vender barato demais para as comunas, ou razões semelhantes, esta época e lugar demonstram de maneira peculiar como a vida humana tem tão pouco valor diante da implantação de um regime.
Ler Os Deuses Têm Sede traz a perspectiva de relações humanas construídas na beira de um precipício da catástrofe social, como este período relatado é basicamente a concepção do capitalismo moderno, demonstra o quão antigo é o modo que o ser humano tenta construir sua vida afetiva diante de uma sociedade aleijada de oportunidades melhores de vida, com uma narrativa tão simples e complexa ao mesmo tempo o autor francês faz-se atemporal, ignorando as características específicas da história como tempo e lugar, demais fatores são extremamente contemporâneos.
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