Os Mutantes: Cinquenta anos de Psicodelia Brasileira

Começando sessão nova no blog, vez ou outra vai rolar aqui uma resenha de álbuns importantes que estejam fazendo aniversário, o escolhido para abrir foi Os Mutantes com seu disco de estreia, confira nas próximas linhas a primeira RESENHA DE ANIVERSÁRIO do Oeste Selvagem:


Em junho de 2018 o álbum de estreia (e homônimo) d'Os Mutantes completou cinquenta anos, mas e daí? 
Bem, para responder essa pergunta é preciso viajar no tempo, num Brasil de 1968, mais especificadamente. O disco que é declaradamente influenciado pelo Revolver dos Beatles, nasce em um contexto próprio, tão quanto traz em si um marco na história da música brasileira em geral, para não se falar na própria história do rock nacional também. 
Os Mutantes são a maturação de uma banda que passou por formações e nomes anteriores, até chegar na sua forma consolidada que se tornou referência para o mundo. 
Em sua história a banda simplesmente traça caminhos decisivos para o surgimento da tropicália, ao se apresentar com Gilberto Gil em um festival, criando um clima de apaziguamento entre os artistas da época que participaram da marcha contra a guitarra elétrica (sim, isso existiu no brasil), pois o próprio Gil tinha participado da mesma. Essa posição de não-dualidade entre o folk e o elétrico ficou marcada em sua música, como tanto uma estética sonora como uma postura social, artística e cultural.
A banda tinha um gênio que simplesmente criava o equipamento para os efeitos que fossem necessários, os mesmos que se ouvem por todo o disco, este gênio é Rogério Duprat, um dos três irmãos que tocavam juntos na banda.
Mesmo não sendo um sucesso comercial em vendas, a banda conquistou o público e o próprio Ronnie Von, que depois de uma apresentação convida a banda para fazer parte do elenco fixo do programa, esta relação rendeu parcerias 
Entre as técnicas utilizadas em sua música, destaca-se para as colagens como uma das características mais marcantes da banda que a colocava entre ou complexa ou estranha demais para o grande público. 
O disco aborda diversas cenas do cotidiano brasileiro imersas em doses lisérgicas de um lirismo ácido, a faixa Panis Et Circenses, que abre o álbum, se trata de uma obra prima da banda, onde a banda tece uma sagaz crítica ao conformismo familiar que enclausura mentes em plena ditadura militar. 
A genialidade técnica é tão explorada quanto a criativa, o álbum não é apenas uma referência em aplicações musicais, ou poesia, engloba diversas linguagens, as decompõem, para então cria seu som tão autêntico.

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